sexta-feira, 3 de outubro de 2014

ESTEIRA DE TURBULÊNCIA - O PERIGO INVISÍVEL

Outro dia eu assistia a um  programa sobre desastres aéreos e chamou-me a atenção a complexidade de inúmeros fatores que tornam a segurança de um vôo dependente não somente dos pilotos mas, de toda uma equipe tanto em ar como em terra.Aeronaves cada vez maiores, de maior envergadura e  equipadas com turbinas cada vez mais potentes por um lado resolvem,em parte, o problema do aumento do tráfego aéreo e por outro produzem fenômenos que até há algumas décadas atrás não preocupavam os engenheiros , os controladores de vôo nem os pilotos.

Aeronaves,principalmente as de grande porte,ao decolarem produzem vórtices nas pontas das asas que se projetam para trás , em direção a outras aeronaves que aguardam para decolar.Esse fenômeno de surgimento de vórtices que se projetam para trás chama-se “ esteira de turbulência” , e a grosso modo  assemelha-se à esteira produzida por um navio em seu deslocamento.A grande diferença é que a esteira de turbulência é invisível e seus efeitos são devastadores para uma aeronave que venha atrás e que não tenha observado o tempo necessário para a dissipação dessa perturbação atmosférica.
Os efeitos sofridos por um avião que entra numa esteira de turbulência são:  o balanço violento, a perda de altura ou de velocidade ascensional e os esforços de estrutura. O maior risco é justamente o balanço muito forte da aeronave que entra na esteira até um ponto que exceda sua capacidade de resistir a tal efeito. O fenômeno é observado também nos pousos e as aeronaves que vem atrás têm que observar certos procedimentos para evitar riscos.
A intensidade dos vórtices pode ser calculada  pelo peso, velocidade e forma da asa que os originam, entretanto o peso da aeronave é o fator principal de sua força, que pode registrar vórtices que  tem alcançado velocidades tangenciais acima de 300 km/h por uma área de 2 a 4 vezes a envergadura da aeronave geradora dos vórtices. 

Em vista disso a Federal Aviation Administration – FAA-propos aos pilotos uma série de recomendações, tais como :

Diante de mau tempo . em aeroportos de grande movimento, evitar aproximações a jatos de grande porte ;
Nas decolagens sair da pista antes do ponto de rotação da aeronave anterior;
Nos procedimentos de pouso tocar a pista após o ponto de toque da aeronave anterior.
Em relação aos controladores de vôo foi publicado uma manual de regras do ar e tráfego aéreo especificando os mínimos de separação tanto por radar como visual.
Em solo, levando-se em consideração pistas paralelas a separação varia de 2 a 4 minutos.
Em vôo a separação é da ordem de 1000pés( 304metros) na vertical.
P’ra variar,no Brasil não existem estatísticas detalhadas sobre a esteira de turbulência, todavia, estudo conjunto da NASA  e a FAA encontraram alguns números interessantes envolvendo a turbulência causada pelas aeronaves– 22% foram causados por Boeing 757, 12 % por Boeing 727 e 12% por 767 e alguns casos por Boeing 747 e DC-10.. Além disso, em 63% dos casos não houve advertência dos órgãos  acerca da ocorrência da esteira.

“A esteira de turbulência foi reconhecida pela primeira vez como algo potencialmente perigoso nos idos de 1960. Uma vez detectado o fenômeno, foram criadas técnicas para evitá-lo quando gerado por grandes jatos. Usando como critério o peso máximo de decolagem, os aviões acima de 300.000 libras (136.000 kg), foram classificados como “heavy” (pesado), tendo sido adotado nos Estados Unidos a obrigatoriedade de transmissão da palavra “heavy” após o indicativo de chamada das aeronaves desta classe em todas as comunicações.
            Dessa maneira, cientes de que a aeronave da frente é pesada, os órgãos de controle aumentam as separações standard da aeronave que a segue se esta for de menor classe, para preveni-la dos efeitos da esteira de turbulência. Durante todos esses anos, a regra adotada foi satisfatória. Agora 30 anos depois, a esteira de turbulência volta a ser notícia em função da que está sendo gerada pelo Boeing 757.
            Desde dezembro de 1992  aconteceram alguns acidentes e incidentes em condições de voo visual, envolvendo o Boeing 757 e aviões menores com algumas mortes. Dois desses aviões eram jatos executivos: um Citation  e um Westwind com um total de 13 mortos nos dois acidentes. Um outro Cessna 182 em que não houve vítimas, mas a aeronave foi destruída. E os outros eram um MD-88 e um Boeing 737; ambos pousaram em segurança, mas exigiram de seus pilotos imediatas e agressivas ações corretivas para readquirirem o controle após serem envolvidos na esteira de turbulência.”
Veja o que acontece em experimento conduzido pela NASA no centro de pesquisas de Langley.
Note  o que acontece quando surgem os vórtices produzidos pela asa do C-5 Galaxy ao atravessar os gases coloridos













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