terça-feira, 30 de setembro de 2014

SUA MAJESTADE, O PIANO !

Há quem torça o nariz , mas convenhamos ,ele é o rei dos instrumentos... o piano .
Sua invenção é atribuída a Bartolomeo Cristofori por volta de 1711 , no século XVIII .E porque o “ rei dos instrumentos” ?
Porque num só argumento podemos dizer que é o único instrumento que reúne as claves de sol e fá em sua performance, permitindo a execução de uma música na totalidade de sua criação, isto é solo e harmonia .Inicialmente recebeu o nome de pianoforte , porque permitia uma variedade de intensidades de som produzindo matrizes sonoras diferentes.A partir de sua invenção e durante o século XIX o piano sofreu inúmeros aperfeiçoamentos que lhe conferiram precisão , velocidade de repetição de notas e pureza de som.São 88 teclas que martelam 230 cordas em 7 oitavas(normalmente).
Muitos foram os aperfeiçoamentos introduzidos, desde o mecanismo de escape que permite aos martelos afastarem-se das cordas após o acionamento, até o comprimento das cordas que podiam ser afixadas no chassi , que também sofreu variação de materiais .Esses aperfeiçoamentos resolveram de vez um problema dos primeiros pianos : a potência de som.
O piano só tornou-se mais popular a partir do século XIX nas mãos de grandes compositores que acabaram por definir , também, padrões de construção desse instrumento em diversos países europeus .Um instrumento pesadíssimo , grande e muito caro não teria se popularizado não fosse o francês Ignace Pleyel que, mudando a configuração do instrumento e a disposição de cordas introduziu no mercado o piano vertical, conhecido como piano de armário.

A história é longa e, assim como surgiram no mundo centenas de marcas de automóveis , também surgiram várias marcas de pianos.E, por analogia , assim como os melhores e mais perfeitos carros foram representados pela Rolls Royce na Inglaterra e pela Cadillac , nos Estados Unidos ,os pianos mantém essa tradição de perfeição disputada pelos fabricantes Steinway, americano e Bösendorfer , austríaco .
Ambos obras de arte .Ambos obras de perfeição técnica.Ambos obras de puro artesanato .
A Steinway & Sons foi fundada em 1853 por um alemão imigrante,Engelhard Steinway.Ele trouxe conhecimento e tecnologia consigo.Seu primeiro piano americano era o seu qüinquagésimo piano construído .Ele introduziu o chassi de ferro e a disposição de cordas cruzadas no instrumento conseguindo uma sonoridade que lhe dá o destaque da atualidade .
Já, na Áustria a Bösendorfer produz pianos desde 1828 .A tradição foi mantida , embora hoje a fábrica seja uma subsidiária da Yamaha , assim como a Steinway já mudou de dono 4 vêzes .
A Bösendorfer é a única fabricante no mundo a produzir um piano de 97 teclas que alcançam 8 oitavas.
A briga estende-se pela atualidade.Quem é o melhor ?
As opiniões se dividem .Naturalmente, ambos apresentam características de sons diferentes , mas qualificar um ou outro pelo parâmetro da perfeição , creio que é uma questão de coração.




O Steinway tem mais potência de som numa vibração mais fria, mais metálica.O Bösendorfer é mais suave e seus acordes produzem mais “ calor” .Alguns definem a preferência levando em conta o estilo das músicas interpretadas e, talvez aí resida o ponto alto da questão: o espírito da composição e a direção da obra,onde o compositor imaginou interpreta-la.
Ambas as marcas defendem preferências tendo em vista as ferramentas de marketing atuais .Isso é feito por intermédio de uma lista de compositores e performers que só se apresentam por uma marca.
A Steinway , por exemplo tem uma sala de audição em New York, onde confere um certificado a pianistas que se destacam.Entre esses cabe destacar Guilherme Arantes , salvo engano, o único brasileiro a ter essa certificação .

Já, a Bösendorfer , mais” modesta” em seu marketing possui uma lista em ordem alfabética com pianistas e artistas que exigem a marca em suas apresentações.Uma pequena e incompleta lista de aproximadamente 400 nomes .Isso , antes de recorrer aos grandes compositores como Bach, Mozart ,Liszt e Schumann.Entre algumas figurinhas conhecidas estão:Benny Anderson , a cabeça prodigiosa do conjunto ABBA ,Charles Aznavour,Paul Anka,Tony Bennett,Leonard Bernstein, a fantástica
Valentina Lisitsa ,Oscar Peterson e um etc..bem etc...!Isso sem falar nos temperamentais e Frank Sinatra e Anton Rubinstein .
Preferências à parte, as duas marcas continuam um constante processo de evolução e aprimoramento tanto na reprodução dos sons como na parte estética.Grandes designers começam a dar seus nomes em projetos ousados , como a parceria Audi Bösendorfer .
Na prática , a preferência, para a maioria, fica mais no campo da quimera , uma vez que um dessas jóias Top de linha chegam a custar até 300.000 dolares .Naturalmente, existem modelos mais modestos e todos eles têm pianos verticais que custam “ a partir de 28.000 dolares”.Resta a opção, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa de se ter o dinheiro para comprar um carro zero quilometro ou dar a entrada na casa própria ou tornar-se um músico de rua , com um instrumento de qualidade a ser tocado nas esquinas do mundo !
Resta lembrar que o Brasil também produziu um piano de altíssima qualidade , graças a outro alemão radicado no Brasil.Seu nome era Florian Helmut ESSENFELDER.Uma obra de arte brasileira que o famigerado governo Collor encarregou-se de destruir.

Um pequeno parágrafo do jornal “A Gazeta do Povo” diz o seguinte :
Do som mais delicado de Mozart aos acordes dramáticos de Beethoven, tocar em um Es­­senfelder, para muitos pianistas, é uma honra. A centenária fábrica, que funcionou em Curitiba por mais de 100 anos (1890-1996), deixou marcas e saudades em quem passou por ela. O som, a qualidade do produto e a ma­­neira artesanal de fabricação, dizem os pianistas, não ficava atrás de outros pianos estrangeiros, de fábricas que são referências mundiais no instrumento, como as alemãs Bechstein e Grotrian Steinweg.”E diga-se de passagem, Florian Essenfelder era um técnico da Bechstein antes de chegar ao Brasil.
Só para “ ver” a sonoridade destaquei alguns vídeos
No link abaixo Katalin Zsubrits interpreta Liszt , Love Dream num Bösendorfer



Abaixo um Steinway & Sons nas mãos de Peter Vamos



Nosso Guilherme Arantes em NY no Steinway Hall

Para não ser injusto com outras grandes marcas, em próximos posts continuarei abordando o assunto .
No link abaixo, Claire de Lune, ao som de um Essenfelder e um resumo da história


Nenhum comentário:

Postar um comentário