Há quem torça o nariz , mas
convenhamos ,ele é o rei dos instrumentos... o piano .
Sua invenção é
atribuída a Bartolomeo Cristofori por volta de 1711 , no século XVIII .E porque
o “ rei dos instrumentos” ?
Porque num só
argumento podemos dizer que é o único instrumento que reúne as claves de sol e
fá em sua performance, permitindo a execução de uma música na totalidade de sua
criação, isto é solo e harmonia .Inicialmente recebeu o nome de pianoforte ,
porque permitia uma variedade de intensidades de som produzindo matrizes
sonoras diferentes.A partir de sua invenção e durante o século XIX o piano
sofreu inúmeros aperfeiçoamentos que lhe conferiram precisão , velocidade de
repetição de notas e pureza de som.São 88 teclas que martelam 230 cordas em 7
oitavas(normalmente).
Muitos foram
os aperfeiçoamentos introduzidos, desde o mecanismo de escape que permite aos
martelos afastarem-se das cordas após o acionamento, até o comprimento das
cordas que podiam ser afixadas no chassi , que também sofreu variação de materiais
.Esses aperfeiçoamentos resolveram de vez um problema dos primeiros pianos : a
potência de som.
O piano só
tornou-se mais popular a partir do século XIX nas mãos de grandes compositores
que acabaram por definir , também, padrões de construção desse instrumento em
diversos países europeus .Um instrumento pesadíssimo , grande e muito caro não
teria se popularizado não fosse o francês Ignace Pleyel que, mudando a
configuração do instrumento e a disposição de cordas introduziu no mercado o
piano vertical, conhecido como piano de armário.
A história é
longa e, assim como surgiram no mundo centenas de marcas de automóveis , também
surgiram várias marcas de pianos.E, por analogia , assim como os melhores e
mais perfeitos carros foram representados pela Rolls Royce na Inglaterra e pela
Cadillac , nos Estados Unidos ,os pianos mantém essa tradição de perfeição
disputada pelos fabricantes Steinway, americano e Bösendorfer , austríaco .
Ambos obras de
arte .Ambos obras de perfeição técnica.Ambos obras de puro artesanato .
A Steinway
& Sons foi fundada em 1853 por um alemão imigrante,Engelhard Steinway.Ele
trouxe conhecimento e tecnologia consigo.Seu primeiro piano americano era o seu
qüinquagésimo piano construído .Ele introduziu o chassi de ferro e a disposição
de cordas cruzadas no instrumento conseguindo uma sonoridade que lhe dá o
destaque da atualidade .
Já, na Áustria
a Bösendorfer produz pianos desde 1828 .A tradição foi mantida , embora hoje a
fábrica seja uma subsidiária da Yamaha , assim como a Steinway já mudou de dono
4 vêzes .
A Bösendorfer
é a única fabricante no mundo a produzir um piano de 97 teclas que alcançam 8
oitavas.
A briga
estende-se pela atualidade.Quem é o melhor ?
As opiniões se
dividem .Naturalmente, ambos apresentam características de sons diferentes ,
mas qualificar um ou outro pelo parâmetro da perfeição , creio que é uma
questão de coração.
O Steinway tem mais potência de som numa vibração mais
fria, mais metálica.O Bösendorfer é mais suave e seus acordes produzem mais “
calor” .Alguns definem a preferência levando em conta o estilo das músicas
interpretadas e, talvez aí resida o ponto alto da questão: o espírito da
composição e a direção da obra,onde o compositor imaginou interpreta-la.
Ambas as
marcas defendem preferências tendo em vista as ferramentas de marketing atuais
.Isso é feito por intermédio de uma lista de compositores e performers que só
se apresentam por uma marca.
A Steinway ,
por exemplo tem uma sala de audição em New York, onde confere um certificado a
pianistas que se destacam.Entre esses cabe destacar Guilherme Arantes , salvo
engano, o único brasileiro a ter essa certificação .
Já, a
Bösendorfer , mais” modesta” em seu marketing possui uma lista em ordem
alfabética com pianistas e artistas que exigem a marca em suas
apresentações.Uma pequena e incompleta lista de aproximadamente 400 nomes .Isso
, antes de recorrer aos grandes compositores como Bach, Mozart ,Liszt e
Schumann.Entre algumas figurinhas conhecidas estão:Benny Anderson , a cabeça
prodigiosa do conjunto ABBA ,Charles Aznavour,Paul Anka,Tony Bennett,Leonard
Bernstein, a fantástica
Valentina Lisitsa ,Oscar Peterson
e um etc..bem etc...!Isso sem falar nos temperamentais e Frank Sinatra e Anton
Rubinstein .
Preferências
à parte, as duas marcas continuam um constante processo de evolução e
aprimoramento tanto na reprodução dos sons como na parte estética.Grandes
designers começam a dar seus nomes em projetos ousados , como a parceria Audi
Bösendorfer .
Na
prática , a preferência, para a maioria, fica mais no campo da quimera , uma
vez que um dessas jóias Top de linha chegam a custar até 300.000 dolares
.Naturalmente, existem modelos mais modestos e todos eles têm pianos verticais
que custam “ a partir de 28.000 dolares”.Resta a opção, tanto nos Estados
Unidos quanto na Europa de se ter o dinheiro para comprar um carro zero
quilometro ou dar a entrada na casa própria ou tornar-se um músico de rua , com
um instrumento de qualidade a ser tocado nas esquinas do mundo !
Resta lembrar que o Brasil também produziu um piano de altíssima
qualidade , graças a outro alemão radicado no Brasil.Seu nome era Florian
Helmut ESSENFELDER.Uma obra de arte brasileira que o famigerado governo Collor
encarregou-se de destruir.
Um pequeno parágrafo do jornal “A Gazeta do Povo” diz o seguinte :
“Do som mais delicado de Mozart aos
acordes dramáticos de Beethoven, tocar em um Essenfelder, para muitos
pianistas, é uma honra. A centenária fábrica, que funcionou em Curitiba por
mais de 100 anos (1890-1996), deixou marcas e saudades em quem passou por ela.
O som, a qualidade do produto e a maneira artesanal de fabricação, dizem os
pianistas, não ficava atrás de outros pianos estrangeiros, de fábricas que são
referências mundiais no instrumento, como as alemãs Bechstein e Grotrian
Steinweg.”E diga-se de passagem, Florian Essenfelder era um técnico da
Bechstein antes de chegar ao Brasil.
Só para “ ver”
a sonoridade destaquei alguns vídeos
No link abaixo
Katalin Zsubrits interpreta Liszt , Love Dream num Bösendorfer
Abaixo um
Steinway & Sons nas mãos de Peter Vamos
Nosso
Guilherme Arantes em NY no Steinway Hall
Para não ser
injusto com outras grandes marcas, em próximos posts continuarei abordando o
assunto .
No link abaixo,
Claire de Lune, ao som de um Essenfelder e um resumo da história
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